Amores, ditaduras, mentiras, feminino e feminismo.

Diário de pesquisa da atriz Aline Fonseca, para cenas de um projeto entitulado inicialmente como "Antes do Amor".
Aqui estão filmes, livros, poemas, canções, artigos e outras fontes que servirão de referência para uma criação cênico-poética.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

quarta-feira, 9 de abril de 2014

terça-feira, 8 de abril de 2014

Paula: a história de uma subversiva



" - Eu acho que eu to ficando fraca, reacionária.
- Recionária, por que?
- Por que eu to apaixonada.
- E daí? Por que reacionária?
- Ah o amor é egoísta, possessivo, conservador.
- Não. Não é verdade.
- A filosofia burguesa diz isso. As vezes acho que elea tem razão. Tem instantes que eu te quero, te quero muito.Sonho em ter uma casa com você. Rever minha mãe, minha irmã, ter vida normal, voltar a faculdade, ser estudante outra vez. Você está vendo? Não sou tão de ferro quanto você pensava."

segunda-feira, 24 de março de 2014

Marighella



"O Marighella dizia assim: 'Olhe, vê como é que você sai na rua.' ... Ai eu me maqueava, maqueava todinha, com creme quase marrom, bege. Usava peruca, pra poder me mover na rua. Ah e outra coisa, não podia rir. Isso é que era incrível. Ele um dia disse pra mim assim:
- Você sabe que você não pode rir na rua né?
- Por que?
- Porque você tem um jeito característico. Olhou pra você se você rir, vão saber que é você.
Você imagina: Não podia nem rir."

(1h22m0s)

domingo, 9 de março de 2014

Metal e sonho - Pedro Tierra

Organizar a esperança,
Conduzir a tempestade
Romper os muros da noite,
Criar sem pedir licença
Um muro de liberdade.
Trabalhar a dor, trabalhar o dia,
Trabalhar a flor, irmão!
E a coragem de acender a rebeldia!
Convocar todos os sonhos
E as mãos das companheiras
Feitas de espera e de flor,
Tecendo nossas bandeiras
Na trama de cada dor.
Retomamos a memória,
Na batalha das cidades
Empunhamos nossa história
Já não há quem nos detenha
Nós somos a tempestade.

sábado, 8 de março de 2014

Acorda Amor - Julinho de Adelaide (Chico Buarque)

Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
minha nossa santa criatura
chame, chame, chame, chame o ladrão
Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão da escada
fazendo confusão, que aflição
São os homens, e eu aqui parado de pijama
eu não gosto de passar vexame
chame, chame, chame, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha roupa de domingo e pode me esquecer
Acorda amor
que o bicho é bravo e não sossega
se você corre o bicho pega
se fica não sei não
Atenção, não demora
dia desses chega sua hora
não discuta à toa, não reclame
chame, clame, clame, chame o ladrão.

sexta-feira, 7 de março de 2014

ZOOLÓGICO HUMANO - Alex Polari Alverga

o que somos
é algo distante
do que fomos

ou pensamos ser.
Veja o mundo:
ele se move
sem nossa interferência
veja a vida:
ela prossegue
sem nossa licença
veja sua amiga:
ela se comove
por outros corpos
que não o seu.

Somos simplesmente
o que é mais fácil ser:
lembrança
sentimento fóssil
referência ética
apenas um belo ornamento
para a consciência dos outros.

A quem interessar possa:
Estamos abertos à visitação pública
sábados e domingos
das 8 às 17 horas.

Favor não jogar amendoim.

quinta-feira, 6 de março de 2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

AMAR EM APARELHOS - Alex Polari Alverga

Era uma coisa louca
trepar naquele quarto
com a cama. suspensa
por quatro latas
com o fino lençol
todo ele impresso
pelo valor de teu corpo
e a tinta do mimeógrafo.

Era uma loucura
se- despedir da coberta
ainda escuro
fazer o café
e a descoberta
de te amar
apesar dos pernilongos
e a consciência
de que a mentira
tem pernas curtas.

Não era fácil
fazer o amor
entre tantas metralhadoras
panfletos, bombas
apreensões fatais
e os cinzeiros abarrotados
eternamente com o teu Continental,
preferência nacional.

Era tão irracional
gemer de prazer
nas vésperas de nossos crimes
contra a segurança nacional
era duro rimar orgasmo
com guerrilha
e esperar um tiro
na próxima esquina.

Era difícil
jurar amor eterno
estando com a cabeça
à prêmio
pois a vida podia terminar
antes do amor.